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O que fazer com os nossos defeitos?

Atualizado: 11 de dez. de 2020

Por Lívia Borges


Na busca pela perfeição, a estética se mostrou insuficiente. A beleza também precisa exibir felicidade. Mas se a vida é feita de dualidades, o que fazer com as lágrimas, cicatrizes, dificuldades e frustrações? Simplesmente não há espaço para elas quando estamos sob a determinação de um ideal inacessível. São indesejáveis, inoportunas, assim pensamos e as lançamos rapidamente para o inconsciente ou para a lixeira do celular, como se fossem ameaças inimigas. Seguimos tranquilos e confiantes de que ninguém notará tais imperfeições, ao mesmo tempo em que necessitamos mais energia para mantê-las escondidas.


Não é preciso ir longe para descobrir o que nos enfraquece. Seria mais sábio, quando possível, encontrar o potencial e redirecioná-lo para fins adequados. Mas muitos preferem a certeza da admiração da plateia cativada e se mutilam emocional ou fisicamente, por meio de procedimentos estéticos exagerados, por exemplo. Assim as novas gerações internalizam o medo de não corresponder a expectativa e adotam uma postura artificial e fragmentada de si mesmos. Muitos sucumbem, outros seguem como mortos vivos. A negação pode ser mais perniciosa do que os próprios defeitos. Vale o alerta de Clarice Lispector, atual como sempre! Melhor aceitá-los, afinal, eles nos tornam melhores, humildes e mais humanos.


“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é os defeitos que sustenta nosso edifício inteiro.” Clarice Lispector (1920 - 1977)


Nossa homenagem a esta grande escritora nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, no mês em que completaria 100 anos.



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