A intolerância é um veneno e esta notícia retrata isso.
Antes mesmo de ser inaugurada, uma escultura do sulfi argelino Emir Abdelkader foi vandalizada.
Nosso escritor, Osvaldo Condé, autor do primeiro livro em língua portuguesa sobre o Emir, manifestou em suas redes sociais seu profundo repúdio ao vandalismo e nós nos juntamos a ele.
Que as pessoas saibam buscar conhecer a história da humanidade. Que as pessoas sejam tolerantes com as escolhas religiosas. Que as pessoas saibam respeitar o patrimônio público.
O registro e indignação do nosso autor
UMA AÇÃO VERGONHOSA OCORREU NA FRANÇA !
Como autor do Primeiro livro sobre o Emir Abdelkader escrito em língua portuguesa, manifesto meu profundo repúdio ao vandalismo e ignorância ocorrido na França no dia de hoje (05/02/22). O vândalo preconceituoso e ignorante desconhecedor da história francesa e argelina, não sabe que o Emir salvou entre 10 mil 15 mil pessoas cristãs da morte na Síria??? Tendo por isso mesmo recebido a "Legião de Honra", a maior condecoração do governo Francês!
Foi condecorado também pelo Papa da época, Por Abraham Lincoln, Dom Pedro Segundo pela Rainha Victória, e governos da Grécia e Rússia . O Emir sempre foi reconhecido mesmo pela França (que invadiu a Argélia) que o combateu, como um líder corajoso, respeitoso e humanitário. Tendo suas ações precedidos as "Leis da Convenção de Genebra" de proteção aos prisioneiros.
Assim o ato de vandalismo, covarde de hoje, é não uma afronta à Argélia, não ao Emir Abdelkader, é uma afronta a humanidade.
Osvaldo Condé- 2022/05/02
A notícia:
Uma escultura de um herói militar argelino foi vandalizada no sábado no centro da França, horas antes de ser inaugurada.
A obra de arte, que foi encomendada para marcar os 60 anos de independência da Argélia da França, retrata Emir Abdelkader, que já foi apelidado de "o pior inimigo da França".
Abdelkader liderou a luta contra a invasão francesa da Argélia em 1830.
Ele foi preso por quatro anos na cidade francesa de Amboise, onde a nova escultura está agora.
O prefeito da cidade decidiu prosseguir com a cerimônia no sábado, dizendo que estava "envergonhado" que alguém tratasse uma obra de arte dessa maneira.
"Este é um dia de harmonia e unidade e esse tipo de comportamento é indescritível", disse Thierry Boutard.
O embaixador da Argélia na França disse que foi um ato de "indescritível baixeza".
O vandalismo ocorre no meio da campanha presidencial da França, durante a qual a imigração e o islamismo têm sido questões importantes para alguns candidatos.
"É uma pena e ainda assim não é surpreendente com a retórica de ódio e a atmosfera nauseante atual", disse Ouassila Soum, uma francesa de 37 anos de origem argelina que participou da posse.
Emir Abdelkader, que era um estudioso islâmico antes de se tornar um governante militar, é considerado um dos fundadores da Argélia moderna por seu papel na resistência ao domínio francês. Mas a rebelião que ele liderou no século 19 acabou fracassando, e ele foi levado para a França e preso por quatro anos com sua família em Amboise, uma cidade a sudoeste de Paris.
Mais tarde, ele ganhou reconhecimento internacional por seu papel na defesa dos cristãos de ataques sectários no Oriente Médio, para onde viajou após sua libertação da França.
A Argélia finalmente conquistou a independência da França em 1962, após uma sangrenta guerra de oito anos que continua a complicar as relações entre os dois países. As estimativas do número de mortos variam entre 400.000 e um milhão.
A nova escultura, que dá para o rio Loire, no castelo onde Abdelkader foi preso, foi ideia de um historiador a quem o presidente francês Emmanuel Macron pediu para encontrar maneiras de curar as memórias da guerra e do domínio francês na Argélia.
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