Força interior para viver, conviver e vencer
- Lívia Borges
- 4 de jul.
- 3 min de leitura
Nesta data, 4 de julho, 123 anos atrás, Vivekanda, um renomado yogue indiano deixou esta terra conscientemente. Tinha apenas 39 anos e já tinha feito tanto, talvez o suficiente pelos próximos 1000 anos. Era um homem à frente de seu tempo. Ousou buscar a Verdade, com a coragem de quem não teme rever suas crenças. Encontrou respostas, mas jamais impôs que todos acreditassem no que dizia, apenas instigava a cada um a coragem necessária para buscar também. Enfrentou preconceitos e críticas para levar o legado inclusivo da tradição védica. Ignorou superstições vigentes, mas preservou valores essenciais e os reconheceu em diferentes tradições, com outros nomes e formas.
Suas palavras ressoam na alma, evocam a autoestima adormecida que se reverte em força de transformação. Força! Assim ele sintetiza a mensagem dos Upanishads (fim dos Vedas): “Força, força é o que os Upanishads falam para mim em todas as páginas. Esta é a única grande coisa a lembrar, foi a única grande lição que aprendi em minha vida; seja forte, ele diz, seja forte, ó homem, não seja fraco. Não existem fraquezas humanas?—diga homem. Elas existem, dizem os Upanishads. Mas, será que mais fraqueza os curará? Você tentaria lavar a sujeira com sujeira? O pecado curará o pecado, a fraqueza curará a fraqueza? Força, ó homem, força, dizem os Upanishads, levante-se e seja forte."

Força interior é o que precisamos para termos autodomínio e não sermos vulneráveis por nossas paixões e necessidades como um burro é enganado por uma cenoura inacessível. Força interior é o que precisamos para não sermos manipulados, dominados, alienados.
Força interior para viver, conviver e vencer!
Foi a partir de sua participação no 1º Parlamento Mundial das Religiões, um evento inovador que promoveu o encontro de líderes de diferentes tradições religiosas, ocorrido em Chicago em 1893, que o jovem Vivekananda se tornou conhecido no Ocidente. Ousou falar de respeito, quando a regra era intolerância. Ele não queria apenas que fôssemos tolerantes, pois nisso ainda configurava uma pretensa superioridade de credos, ele sonhava com o respeito, onde cada um pode validar a diferença religiosa no outro, sem que isso torne um superior ou inferior e nem ameace suas próprias escolhas dogmáticas. Suas escolhas podem e devem ser o melhor para si, mas não necessariamente serão o melhor para todos. As pessoas são diferentes, e assim deve ser, eis a beleza desafiadora da vida, é a natureza. A unidade é subjacente e é transcendente. Pode ser por nossa humanidade ou pelo divino que nos habita, mas jamais será como manifestação individual replicada a todos. Qualquer distorção na aplicação deste conceito pode chegar ao extremo da padronização, alienação e tirania.
Imagine um homem, representando uma tradição religiosa milenar, dizer que não queria trazer uma religião nova, nem converter ninguém, apenas queria: que um budista fosse um melhor budista; um cristão, um melhor cristão; um hindu, um melhor hindu; um muçulmano, um melhor muçulmano, e assim por diante. Só alguém verdadeiramente livre pode incentivar a liberdade de credo, sem perder suas referências pessoais e sem diminuir o outro em suas diferenças e ainda inspirá-lo a se aprofundar.
Vivekananda foi pioneiro em divulgar Yoga e Vedanta no Ocidente e sua atuação foi tão impactante no mundo e na alma do indiano que o dia de seu aniversário em 12 de janeiro tornou-se feriado nacional na Índia, o Dia Nacional da Juventude.
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Por Lívia Boges
Psicóloga e editora
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